No dia 18 de julho assinala-se o Dia de Mandela. Neste dia, em 1918, nasceu um grande líder na África do Sul. Em todo o mundo, as pessoas comprometem-se e renovam o seu compromisso, dedicando 67 minutos de serviço para homenagear a vida e o legado de Nelson Mandela, que dedicou 67 anos da sua vida à luta pela liberdade e justiça para o povo da África do Sul, mas também para todas as pessoas do mundo.

Como líder, Mandela sempre demonstrou um compromisso genuíno com o bem-estar de todas as pessoas, incluindo as crianças. Tratava todos com o máximo respeito, incluindo aqueles que o odiavam. A sua visão era que as pessoas não nascem a odiar e que podem desaprender a odiar.

Ao mesmo tempo, era um homem de uma coragem extraordinária. Coragem para confrontar a injustiça, mas também coragem para discordar da sua própria base de apoio, quando necessário. Não tinha receio de transmitir aos seus seguidores uma mensagem impopular, se acreditasse que daí poderia resultar um bem maior.

Como exemplo, recordo-me de um dos acontecimentos mais trágicos e assustadores que ocorreu a 13 de abril de 1993. Lembremo-nos de que Nelson Mandela foi libertado da prisão em 1990, mas apenas se tornou o primeiro presidente democraticamente eleito em maio de 1994. Na data em questão, o país vivia um clima de grande instabilidade e decorriam negociações sérias, nas quais ele desempenhava um papel central.

Nesse dia, um imigrante de extrema-direita, movido pelo ódio, assassinou Chris Hani, um líder extremamente popular e provável sucessor de Mandela. Eu estava convencido de que haveria um banho de sangue. Estava aterrorizado, mas não era o único — o país inteiro estava à beira do colapso. A raiva atingira um ponto tão explosivo que poderia facilmente ter eclodido uma guerra civil. Foi então que Nelson Mandela avançou e fez um discurso à nação na noite de 13 de abril — um discurso decisivo que evitou o caos. É, na verdade, uma verdadeira aula sobre como o poder do Ubuntu pode, na prática, promover a paz mesmo nas situações mais instáveis.*

Tive o privilégio de acompanhar Madiba no seu papel de líder servidor durante mais de vinte anos após a sua libertação. Apesar de ter sido Presidente durante apenas cinco anos, aprendi imensamente com Mandela enquanto líder.

Mandela chamou-me a atenção para três aspetos no âmbito do Ubuntu: o conceito de humanidade comum, a ideia de um futuro comum e a importância de construir pontes para superar divisões.

Nelson Mandela fez-me compreender que o sentido de comunidade é absolutamente essencial, particularmente num país como o nosso, a África do Sul. Ensinou-me também que os bons líderes não dividem — unem as pessoas. Em 1990, quando Nelson Mandela saiu da prisão nos seus termos, enfrentou uma sociedade profundamente dividida, cheia de conflitos, ódio e injustiça. De imediato, começou a construir as bases para uma ponte de reconciliação entre o passado destruído e uma nova dinâmica futura. Conduziu-nos para longe do ódio e do medo.

Nelson Mandela foi um construtor de pontes e ensinou-me que os bons líderes devem sê-lo também. Vivemos num mundo em que permitimos que demasiadas questões nos dividam: ideologia, cultura, religião, género, raça, classe, e até à forma como respondemos às crises.

Construtores de pontes são pessoas que constroem relações. Aproximam aqueles que estão desconectados da comunidade e estabelecem laços para derrubar barreiras culturais, religiosas, entre outras.

Construir pontes depende fortemente da liderança. Não se pode influenciar os outros sem antes haver uma transformação pessoal. Construtores de pontes ajudam a promover a verdade entre pessoas e grupos em conflito. Como construir pontes é criar comunidade, trata-se, no fundo, de uma atividade baseada no Ubuntu. Implica escuta empática em relação ao ‘outro’, capacidade de imaginar como se sentem os ‘inimigos’ e de compreender a razão pela qual acreditam no que acreditam.

A 18 de julho assinala-se o Dia de Mandela, uma celebração global que visa homenagear a vida e o legado de Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul. Este dia não é só a comemoração do seu aniversário, mas também um apelo à ação, para que se incorporem os seus valores de compaixão, bondade e serviço. O significado deste dia reside na sua capacidade de inspirar cada pessoa a ter um impacto positivo nas suas comunidades e no mundo em geral.

O seu legado construiu-se na sua luta incansável contra o apartheid, no seu compromisso com a reconciliação e na defesa dos direitos humanos. Como símbolo de resistência à opressão, passou décadas a lutar pela igualdade e pela justiça na África do Sul. A sua dedicação inabalável trouxe-lhe reconhecimento e admiração internacional. Após a sua libertação, desempenhou um papel crucial na transição do país para a democracia, tornando-se o primeiro presidente negro da África do Sul.

A essência deste dia é o serviço. As pessoas são incentivadas a retribuir às respetivas comunidades, seja através de ações de voluntariado, ações de solidariedade e outras formas de serviço. Este foco no serviço reflete o seu compromisso em fazer a diferença na vida dos outros. Ao envolverem-se em atos de serviço, podem contribuir para mudanças sociais e económicas, promovendo a compreensão e a empatia, e construindo comunidades mais fortes e compassivas.

Além disso, o Dia de Mandela serve como um lembrete do poder da ação individual. A sua história é um testemunho do impacto que uma pessoa pode ter no mundo. Através da coragem, resiliência e determinação, conseguiu provocar mudanças significativas na África do Sul e inspirar pessoas em todo o mundo. Este dia encoraja cada um a refletir sobre o seu próprio potencial para fazer a diferença e a agir de formas únicas.

A celebração do Dia de Mandela sublinha também a importância de promover os valores que defendeu. O seu legado não reside apenas nas suas conquistas, mas também nos princípios que ele defendia – perdão, humildade e compaixão. Ao abraçarmos estes valores, podemos contribuir para criar uma sociedade mais justa e equitativa. O Dia de Mandela é uma oportunidade para, em conjunto, celebrarmos a sua vida e reafirmarmos o nosso compromisso com os ideais que representava.

Em conclusão, o Dia de Mandela é uma ocasião significativa que homenageia o legado de Nelson Mandela e inspira cada um a criar um impacto positivo no mundo. Através de atos de serviço, podemos contribuir para transformações sociais, promover a compreensão e fortalecer as comunidades. Este dia é um lembrete do poder da ação individual e da importância de incorporarmos os valores de compaixão, bondade e serviço que Mandela nos deixou. Ao celebrarmos o Dia de Mandela, recordamos o poder contínuo do seu legado e o potencial de cada um de nós para tornar o mundo num lugar melhor.

por John Volmink | Presidente do Ubuntu Global Network

*Para saberem mais sobre o discurso de Nelson Mandela, podem consultar os seguintes recursos: transcrição oficial do discurso proferido a 13 de abril de 1993 e a gravação audiovisual do discurso de Mandela.